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Abhiniveśa, o medo.

"Yoga é sobre olhar para dentro, para o que mais tememos. Em vez de olhar para fora, para o que mais desejamos"...


Namaste, tudo bem?


Todos nós já experimentamos o medo da morte em algum momento da vida. É um sentimento que nos mantém apegados à vida, às pessoas e às coisas que amamos. Neste texto, exploraremos Abhiniveśa, o medo fundamental que permeia nossa existência, conforme ensinado no Yoga.


O objetivo desta reflexão é descobrir como podemos transcender esse medo e encontrar uma paz interior duradoura.


Se você está começando no Yoga agora, recomendo que leia primeiramente sobre as formas de sofrimento Ignorância; Egoísmo; Apego e Aversão. Estas reflexões são uma ótima oportunidade para entender como as formas de sofrimento podem ser transformadas em sabedoria e crescimento espiritual.


um barco no cosmos

Svarasavāhī viduṣo 'pi tathārūḍho 'bhiniveśaḥ || “A insegurança é o sentimento inato de ansiedade pelo que está por vir. Ele afeta tanto o ignorante quanto o sábio." Yoga Sūtra 2.9


Abhiniveśa, o medo da morte ou apego à vida.


Este medo profundo é visto como um instinto primordial e universal que está presente mesmo nos seres mais sábios. Abhiniveśa é, portanto, um obstáculo no caminho à liberação e, ao mesmo tempo, uma raiz para outros medos e ansiedades que nos impedem de agir corretamente, no flow, e assim viver mais em paz.


“Sentimos insegurança, temos dúvidas sobre nossa posição na vida; temos medo que a pessoas nos julguem mal; ficamos inseguros quando o nosso estilo de vida passa por perturbações; não queremos envelhecer. Todos estes sentimentos sao expressões de Abhiniveśa, a quarta ramificação de avidyā”. T.K.V. Desikachar


O Yoga ensina que este medo deve ser superado para alcançar a verdadeira liberdade e a paz interior e oferece ferramentas práticas que preparam a mente para receber o conhecimento sobre a verdadeira natureza do Ser.


Se não superados, os kleśas atuam como barreiras que nos impedem de enxergar o que já está ali para ser visto.


"Abhiniveśa nasce da ignorância de si mesmo como eterno. E, devido à identificação com o corpo, surge do medo sobre o que acontecerá depois que o corpo morrer." Gloria Arieira


O professor Pedro Kupfer explica: "Ter um corpo é uma imensa bênção, mas o corpo não é Ātma, o Ser. O corpo recebe uma série de nomes em sânscrito, como deha, śarīra e outros; esses nomes não são muito abonadores: descrevem a fragilidade da condição encarnada. Śarīra, por exemplo, significa 'aquilo que está facilmente sujeito à desintegração'. Estes corpos foram dados para nós, para que os usemos por um determinado tempo."


Eu preciso, portanto, reconhecer que eu não sou o corpo, embora viva nele. Eu preciso entender que estou no corpo, eu “estou sendo" neste corpo.


Devemos cuidar do corpo como um templo sagrado, para experienciar a vida nele; viver de forma dhármica, alinhada com o bem comum, e conscientes de que a nossa oportunidade é agora. Conscientes e desapegados, já que sabemos que a única certeza da vida corpórea é a morte.


"Yoga é sobre olhar para dentro, para o que mais tememos. Em vez de olhar para fora, para o que mais desejamos. E ao olhar para dentro, podemos construir pontes de medo, ou podemos construir pontes sobre o medo. A escolha é nossa." Paul Harvey


caminhando pela ponte sob o mar

Uma solução

Mokṣa, o reconhecimento do Ser livre e ilimitado que você é!


"Quando não há mais ignorância em relação à vida e à morte, a confusão desaparece. Ninguém, enquanto manifestação, escapa da influência da morte física. Isso é um fato. Mas também é fato que Ātma não é esse tipo de manifestação. Ātma está em todas as manifestações, mas não é nenhuma delas. Quando a confusão desaparece, o tempo e o espaço, bem como todos os eventos que neles têm lugar, revelam-se como objetos para a nossa apreciação. A morte morre quando confrontada com o conhecimento." Pedro Kupfer.


O conhecimento realmente liberta, mas para que ele faça sentido (tipo, cair a ficha), é necessário preparar a mente.


dhyānaheyāstadvṛttayaḥ || "As expressões deles (dos kleśas) devem ser abandonadas através da meditação." Yoga Sūtra 2.11


A professora Gloria Arieira explica: "Os kleśas não desaparecem por si só. Eles devem ser abandonados deliberadamente através de um método eficaz. A meditação é um processo mental que inclui o questionamento deliberado e a contemplação. Nesse processo, o yogin consegue perceber todo o movimento sutil de sua mente antes que tome forma e se evidencie."


Assim, utilizando a prática de Yoga como ferramenta para libertar-se do sofrimento, é possível manter a mente equânime e livre do apego e do medo. No entanto, esse processo não é instantâneo; o amadurecimento emocional de cada "buscador da verdade" dependerá do esforço e da energia dedicados a essa jornada.


“Essa síndrome pode ter uma base razoável em experiencias passadas. Pore ser também completamente irracional. Não desaparece nem quando sabemos que a morte é iminente. É talvez, obstáculo mais difícil de superar.” T.K.V. Desikachar


"É necessário ter um desejo e um esforço deliberado para resolver o problema que surge da ignorância relativa ao Eu". Gloria Arieira.


Ao preparar a mente e compreender que a morte afeta apenas o corpo e não o Ser, não há mais necessidade de temê-la. Podemos nos entregar à ordem do Universo e nos permitir fluir com a vida mais naturalmente.


Não será tão fácil, mas nós podemos tentar. Que possamos nos manter na disciplina das práticas, meditações e estudos, pois são essas ferramentas que nos dão suporte e nos guiam para reconhecer e viver em plenitude nossa essência verdadeira.


“Fora a confusão desconcertante da vida, o Yoga pode despertar a clareza e a certeza, começando pela compreensão da sua verdadeira essência e do seu propósito de vida.” Deepak Chopra


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Hariḥ Oṁ

Patricia de Abreu ॐ

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