Variar os āsana-s renova a atenção e abre nossos sentidos a novas experiências. Atingir esse estado de abertura e atenção cria a oportunidade de experimentar algo que nunca sentimos antes...
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Quando entendemos o propósito do āsana e a atitude correta a ser cultivada em nossa prática, estamos prontas para evoluir através das posturas. Com a respiração adequada e foco em nossos objetivos, é o momento de abrir espaço para novas possibilidades e explorar variações que podem transformar nossa prática.
Neste artigo, vamos refletir sobre a importância de acolher variações, mesmo quando são dispensáveis, e descobrir as razões pelas quais experimentar novas formas pode enriquecer nossa jornada.
A palavra "variação" muitas vezes é vista com resistência na prática, como se optar por ela fosse um sinal de não conseguir realizar algo. No entanto, variações não existem apenas como alternativas para quando não conseguimos executar uma postura. Elas têm um valor próprio, e as razões para incorporá-las à prática são inúmeras.
As variações nos permitem entender melhor nossas capacidades físicas, reconhecendo tanto nossas forças quanto fraquezas. A partir desse conhecimento, podemos alcançar os primeiros resultados, que incluem abrir espaços no corpo e desfazer a rigidez, preparando-o para uma respiração mais profunda. Forçar-se em uma postura logo no início, além de agitar a respiração, aumenta o risco de lesões.
“As variações ajudam a obter o máximo ganho com o mínimo esforço por se dirigirem às nossas necessidades físicas de maneira inteligente”. T.K.V. Desikachar
Outro benefício de experimentar uma variação durante a prática de Yoga é aprimorar a atenção. Como diz Desikachar, “nossa atenção ao que estamos fazendo diminui constantemente com a repetição contínua, e o tédio se instala.” Não queremos que uma postura se torne rotina, muito menos algo tedioso. Por isso, variar mantém nossa atenção voltada para as novas sensações que podem surgir.
“Variar os āsana-s renova a atenção e abre nossos sentidos a novas experiências. Atenção é o estado no qual estamos completamente presentes no que estamos fazendo, o que nos capacita a sentir tudo o que está acontecendo em nosso corpo. Atingir esse estado de abertura e atenção cria a oportunidade de experimentar algo que nunca sentimos antes.” T.K.V. Desikachar
Se não nos permitirmos explorar as variações por estarmos obcecadas em alcançar o āsana que vimos em um livro ou no Instagram, perderemos a chance de aproveitar novas experiências e aprendizados. Ao abraçar essas novas possibilidades, podemos aumentar nossa motivação e interesse, descobrir mais sobre nós mesmas e manter o foco total durante a prática.
"Ao realizar uma postura, você deve descobrir se seu corpo aceitou o desafio da mente, ou se a mente aceitou o desafio do corpo. Você está trabalhando a partir do corpo para chegar à sensação factual da postura, ou está fazendo essa postura porque leu que assim irá obter tais e tais efeitos? Você está preso na teia do que leu, buscando viver a experiência de uma outra pessoa, ou está trabalhando para descobrir, de mente vazia, que tipo de luz nova é lançada na postura, por meio de suas experiências pessoas, enquanto está praticando?”. B.K.S. Iyengar
Variando a forma em sua prática de yoga
A maneira mais simples de variar um āsana é alterar sua forma. Você pode flexionar os joelhos ou fazer uma leve flexão quando a postura exige alongamento total, ou esticar um pouco mais quando busca uma flexão maior. É possível usar toda a sola dos pés no chão, apenas as pontas, ou ajustar a distância entre eles. Esses são apenas alguns exemplos.
Além disso, a coluna pode permanecer estendida em posturas que normalmente
requerem flexão, ou entrar em torção ou lateralização em posturas que manteriam a coluna alongada. Os braços podem se mover em diferentes direções, transformando completamente a percepção da postura, e até os dedos podem ser usados para criar gestos energéticos. As possibilidades são infinitas.
As variações permitem suavizar ou intensificar a prática e podem mudar completamente os efeitos do āsana.
“Variacões de āsana-s não são apenas para pessoas com problemas físicos específicos. Elas podem ajudar todos os praticantes de Yoga a se manterem abertos as descobertas.” T.K.V. Desikachar
Além da variação na postura você pode também variar a forma como prepara o corpo para o āsana, pois a maneira como “solta” o corpo pode trazer diferenças na experiência final na postura.
Se você ainda não se sente confortável com a ideia de “variar uma postura,” experimente pensar em “criar algo novo com o seu corpo.” Afinal, você tem a liberdade de moldar a prática como desejar!
Variando a respiração
Normalmente, durante a prática, inspiramos e expiramos no mesmo ritmo. No entanto, podemos direcionar a respiração para que a inspiração ou expiração seja mais longa, ou adicionar retenções para variar a prática.
Laṅghana (diminuir): É a prática de prolongar a expiração ou de retenção com os pulmões vazios. Esta forma de respiração auxilia nos processos de eliminação e purificação do corpo, revitalizando especialmente os órgãos da região abdominal.
Bṛmhaṇa (expandir): É a prática de prolongar a inspiração ou de retenção com os pulmões cheios. Essa prática energiza e aquece o corpo. No entanto, deve ser incorporada somente após dominarmos a prática de laṅghana.
“Há uma regra importante a seguir: se o fato de reter a respiração reduz a duração da sua próxima inspiração ou expiração, pare. Você não está pronto para esta prática; é melhor trabalhar até chegar lá.” T.K.V. Desikachar
Se nosso objetivo é intensificar o efeito de uma postura na área do coração, devemos focar na inspiração. Por outro lado, se queremos aumentar o impacto na área do abdômen, devemos concentrar-nos na expiração. Com isso em mente, experimente e varie sua respiração ao longo de toda a prática.
“Uma vez conhecidas as nossas capacidades de reter a respiração com conforto, podemos ser criativos a maneira de usar a respiração. T.K.V. Desikachar
Desikachar complementa que as variações servem a dois propósitos: "atender às necessidades particulares e criar atenção.”
Variando a esfera da atenção
“Enquanto estamos praticando um āsana, temos a oportunidade de dirigir nossa atenção a diferentes partes do corpo. Isso pode melhorar a qualidade da nossa prática consideravelmente.” T.K.V. Desikachar
Imagine se, toda vez que você entrasse na postura da árvore, mantivesse sua atenção apenas no pé que está no chão. Você estaria perdendo outras oportunidades e sensações. Introduzimos a “arte da variação” para explorar novas experiências.
Ao escolher uma variação, coloque atenção na sua escolha, defina um propósito, ajuste a respiração e esteja presente, permitindo que um novo aprendizado se desenvolva.
Lembre-se de que as posturas são psicofísicas e as percepções podem surgir tanto no corpo quanto na mente.
Respeitando os āsana-s clássicos
Cada postura tem um princípio fundamental, e se não entendermos esse princípio ao fazer uma variação, podemos acabar confundindo ou alterando a função da postura. No entanto, não se preocupe com isso; como professoras de Yoga, cuidamos de tudo para garantir que sua experiência seja incrível e transformadora.
Você só precisa aceitar a variação e se permitir sentir!
“Movimentar-se, fluir, deslizar, desencaixar-se, soltar, deixar ir, sutilizar, silenciar. Nesta busca, o corpo expande, recolhe-se, movimenta-se no sincronismo da respiração e vou fluindo, sentindo… vou me permitindo. Novos caminhos, novas rotas, impulsos nervosos vão se formando. Algo fica, algo se vai… Deixo ir… Como resposta, a recompensa: o Silêncio e a lembrança da Unidade." Patricia de Abreu.
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Hariḥ Oṁ
Patricia de Abreu ॐ