Para sentir o coração pleno e realizado

Namaste, espero que você esteja bem!

O coração é muito mais do que um órgão vital. No Yoga, ele representa o centro da nossa existência, o ponto de equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Quando nos conectamos com essa região, acessamos um espaço de plenitude, amor e compaixão, que vai muito além das emoções passageiras.

Neste texto, convido você a refletir sobre a importância do coração no autoconhecimento e descobrir como a prática do Yoga pode ajudá-la(o) a liberar emoções bloqueadas, fortalecer sua capacidade de amar e cultivar um equilíbrio interior.

Um caminho de abertura e transformação!

Nos ensinamentos do Yoga, a palavra "coração" está frequentemente associada à consciência, servindo como um ponto de referência corporal para essa dimensão mais profunda do Ser.

No Yogasūtra III:35, encontramos a afirmação de que “meditando no coração, o yogi adquire conhecimento da própria Consciência”. Isso nos revela que o coração é um portal para a autoconsciência, sendo o elo que conecta corpo, mente e espírito.

hṛdaye cittasamvit

"[Devido à reflexão] sobre o coração, há total conhecimento da mente.” Yogasūtra III:35

O coração é o núcleo do ser. A palavra hṛdaya em sânscrito, que significa coração, também remete ao âmago do indivíduo, abrangendo suas emoções, mente e intelecto. A contemplação sobre o coração revela que a mente é o suporte do ahaṇkāra, o ego.

Dessa forma, compreendemos que a mente, incluindo suas emoções, decisões e o ego, tem como fundamento a consciência pura, sua essência mais profunda.

“O total conhecimento da mente é o reconhecimento de que a luz da mente é a luz da consciência.” Gloria Arieira.

Você já percebeu como, naturalmente, ao nos referirmos a nós mesmos, nossas mãos buscam o peito? Esse gesto instintivo reforça a conexão entre identidade e coração. Da mesma forma, quando falamos de emoções profundas ou do ego, voltamos nossas mãos para essa região. Isso nos lembra que o coração ocupa um papel central no processo de autoconhecimento.

A meditação sobre o coração nos revela, sem dúvida, as qualidades da mente. No entanto, essa percepção só é possível quando estamos em estado de tranquilidade e silêncio interior. Como diz T.K.V. Desikachar:

"Não podemos ver a cor da água de um lago se ele está turbulento."

Para silenciar a mente e nos preparar para esse reconhecimento, o Yoga nos oferece ferramentas poderosas. A meditação é uma delas, mas também podemos trabalhar o coração por meio do quarto chakra, o Anāhata.

Localizado no centro do sistema energético, Anāhata simboliza o ponto de equilíbrio entre o mundo material (representado pelos três chakras inferiores) e o mundo espiritual (os três chakras superiores). Quando está harmonizado, sentimos amor, paz e compaixão. Seu nome em sânscrito significa “íntegro” ou “inteiro”, lembrando-nos de que, apesar das dores e desafios da vida, há em nosso interior um espaço de plenitude e amor infinito.

O objetivo de "abrir o coração” é liberar couraças e fortalecer a capacidade de amar e ser amado. As extensões de coluna, como ūstrasana (postura do camelo) , por exemplo, ajudam a desenvolver a confiança e a entrega necessárias para essa abertura. Quando estamos tomados pelo medo e pela insegurança, nosso corpo tende a se contrair, mas, ao nos permitirmos abrir, criamos espaço para que o amor e a alegria floresçam.

Mas, mais do que a prática física, o que realmente expande e equilibra o chakra do coração é a vivência do amor. Amar a si mesmo e aos outros é a ferramenta mais poderosa de cura e transformação. Quando praticamos Hatha Yoga com essa intenção consciente, fortalecemos não apenas nossa energia vital, mas também nosso bem-estar integral.

Que possamos, por meio das práticas, sair um pouco do domínio da mente e permitir que o coração nos guie, promovendo uma experiência restauradora e libertadora.

Meditação da Semana: AIM KLIM SAUH

O meu coração está pleno e realizado.

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