Concentrar-se, meditar e vislumbrar...
Samyama é a prática integrada de Dhāraṇā (concentração), Dhyāna (meditação) e Samādhi (união).
Esses três estágios, descritos nos Yoga Sūtras de Patañjali, representam o ápice do caminho interno do Yoga, levando à autorrealização e à iluminação.
Neste artigo, exploraremos como essas práticas se complementam, aprofundando seus significados e técnicas para integrar corpo, mente e espírito.
Descubra como Samyama pode ser um guia poderoso para silenciar a mente, conectar-se com sua essência e experienciar a plenitude do verdadeiro Ser.
Dhāraṇā - A Concentração
Preparando-se para meditar
Dhāraṇā é o sexto estágio no caminho do Yoga, de acordo com os Yoga Sūtras. Trata-se do treinamento da mente para direcionar a atenção a um ponto específico, dentro ou fora de nós mesmos.
Esse foco consciente permite controlar as flutuações da mente (vṛttis), reduzindo sua agitação natural. À medida que essas ondas se estabilizam, entra-se em um estado de equanimidade, preparando o terreno para a meditação (dhyāna).
A prática de dhāraṇā pode ser vista como um processo gradual:
Treinar a mente para focar.
Aquietar os pensamentos ao ponto de cessarem as oscilações.
Alcançar a união onde conhecedor e conhecido tornam-se um só.
Caminhos para a concentração:
Respiração
A respiração consciente é uma porta para o autoconhecimento. Além de benefícios físicos, como aumento da vitalidade, a prática de observar o fluxo respiratório auxilia na estabilização da mente.
Visualização
Focalizar a visão em um objeto interno ou externo é uma técnica poderosa de dhāraṇā. Exemplos:
-Interno: O ponto entre as sobrancelhas.
-Externo: A chama de uma vela ou um símbolo sagrado.
Reflexão
Questões como "Quem sou eu?" convidam a mente a explorar sua verdadeira natureza. Pensamentos e emoções são transitórios, enquanto você é a testemunha que os observa.
A meditação de reflexão nos conduz ao desapego das identificações com o corpo, a mente e os objetos externos, dissolvendo as limitações da mente condicionada.
Por meio dessa prática, ao questionarmos nossa natureza e compreendermos o que não somos, conectamo-nos com a essência divina, eterna e imutável que habita em nós.
Na quietude que a meditação proporciona, reconhecemos que não somos definidos pelo que possuímos, sentimos ou pensamos, mas pela consciência pura que observa, livre de forma e plena de paz.
Observação dos pensamentos
Sem julgamentos ou tentativas de controle, observe os pensamentos como nuvens que passam pelo céu da mente. Note os espaços de silêncio que surgem entre eles. Essa prática promove a identificação com a consciência (o ponto fixo) e não com o fluxo mental.
Japa (Repetição de Mantra)
Repetir um mantra, seja verbalmente ou mentalmente, é uma prática poderosa para disciplinar a mente e alcançar um estado de foco e serenidade. Ao substituir os pensamentos pelo som do mantra, a mente gradualmente entra em uma nova "sintonia", mais elevada e tranquila.
O uso de um japamālā é recomendado para facilitar a contagem e manter o ritmo da repetição, ajudando a mente a permanecer ancorada na prática. A repetição disciplinada do mantra promove concentração enquanto evoca diversas forças da natureza.
Ajapa (Sincronismo entre a respiração e um mantra)
Ajapa é conhecido como "o japa que não é japa", pois, diferentemente do japa tradicional, onde o foco está exclusivamente na repetição do mantra, em ajapa é essencial que o mantra e a respiração entrem em harmonia.
Essa prática consiste em alinhar a repetição espontânea de um mantra com o ritmo natural da respiração, criando uma sincronia profunda. Por exemplo, ao inspirar, mentalize SO, e ao expirar, mentalize HAM. Essa integração promove uma conexão consciente entre mente e corpo, facilitando um estado de tranquilidade e presença.
Dhyāna - A Meditação
Do silêncio mental à contemplação profunda
Após manter a mente concentrada por um longo período de tempo (dhāraṇā), ela entra em dhyāna, o estágio da meditação.
Dhyāna é o estado em que a mente transcende as distrações e se une ao objeto de meditação. Nesse estágio, a consciência deixa de se dispersar pela mente e se identifica com o núcleo da existência: o Eu verdadeiro.
O auge da meditação é o vislumbre do Ser (samādhi), onde a consciência se torna pura e iluminada. Esse estado revela a paz inerente ao Ser, proporcionando equanimidade e liberdade do ego.
Samādhi - A Contemplação Suprema
Samādhi é o oitavo e último passo do Yoga, segundo os Yoga Sūtras. Neste estado, o praticante atinge a união completa com a Consciência Universal, e a mente se dissolve no Ser, permitindo que a verdadeira liberdade emerja.
É o ápice do caminho espiritual, onde não há mais separação entre o observador, o ato de observar e o objeto observado.
Esse "estágio" não deve ser visto como um objetivo a ser perseguido obsessivamente, mas como algo que pode ser experienciado por meio da prática constante da meditação. O caminho interno é feito de perseverança (tapas), desapego e dedicação.
Por meio dessas práticas internas, alcançamos não apenas tranquilidade, mas também o vislumbre do infinito dentro de nós.
Yoga é o caminho para compreender a consciência e alcançar a verdadeira liberdade.
🔑 Pronta(o) para transformar esse conhecimento em prática?
INSCREVA-SE AQUI!
Hariḥ Oṁ
Patricia de Abreu ॐ